A Reforma Administrativa voltou a movimentar o cenário político e gerar reações entre os concurseiros. A proposta teve início formal de tramitação no Congresso Nacional, quase coincidindo com a semana do servidor público. A nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC 38/2025) foi oficialmente apresentada à Câmara dos Deputados e já enfrenta divergências dentro da própria casa legislativa.
O texto traz um projeto de modernização do serviço público, propondo novas mudanças no ingresso e na progressão de servidores. A ideia, como defendem grupos de parlamentares, é tornar o funcionalismo mais eficiente e adaptado às necessidades atuais da administração pública. No entanto, alguns pontos têm gerado preocupação, especialmente entre candidatos e servidores, por interferirem na contratação e estabilidade das carreiras públicas.
Com a apresentação da proposta e o aumento do debate político, a Reforma Administrativa deve continuar em evidência nos próximos dias. Se você quer entender melhor o conteúdo da PEC, seus próximos passos e as possíveis implicações para o funcionalismo público, continue a leitura e confira tudo o que já se sabe sobre a Reforma Administrativa.
Índice
Reforma Administrativa avança
A Reforma Administrativa deu um passo importante em sua tramitação. A proposta foi protocolada na última sexta-feira, dia 24 de outubro, na Câmara dos Deputados, marcando o início formal da análise legislativa do texto.
No dia 17 de outubro, já circulava a informação de que o projeto já havia reunido mais da metade das 171 assinaturas necessárias para protocolização, e sua inclusão na pauta já era esperada para as duas semanas seguintes.
O pacote legislativo é composto por três propostas principais: uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um Projeto de Lei Complementar (PLP) e um Projeto de Lei (PL). As medidas foram debatidas durante 45 dias por um Grupo de Trabalho (GT) formado por 17 parlamentares, dos quais apenas cinco assinaram a versão final do texto.
Confira o que diz o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), coordenador do GT e um dos principais articuladores da proposta:
“A ideia é tornar a administração mais eficiente e transparente, sem afetar direitos adquiridos.”
Apesar do avanço, o relator da matéria não assinou o documento, a pedido do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que optou por manter a neutralidade na relatoria. Com o protocolo formalizado, a Reforma Administrativa entra oficialmente em tramitação.
Posicionamentos contrários à proposta
O avanço da Reforma Administrativa nas últimas semanas tem provocado forte reação contrária de diferentes setores da sociedade. A insatisfação é visível, especialmente entre servidores públicos, sindicatos e parte do Legislativo e do Judiciário, que veem riscos à estabilidade e à autonomia do serviço público.
Uma enquete disponível no portal da Câmara dos Deputados reflete bem esse cenário: um resultado parcial recente mostra que 97% dos participantes discordam totalmente do texto da reforma. Já a soma dos que concordam ou apoiam parcialmente a proposta não chega a 1%, evidenciando rejeição quase unânime da população que acompanha o tema. Esse resultado reforça a importância da mobilização e da pressão popular sobre os parlamentares durante a tramitação.

Entre as vozes institucionais contrárias, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, manifestou forte oposição a qualquer versão da reforma que reduza a autonomia e a independência da magistratura brasileira. Em declaração feita durante um evento em Foz do Iguaçu, Fachin destacou que o STF só apoiará uma reforma administrativa abrangente e que respeite o Poder Judiciário.
No Legislativo e no Executivo, o tom também é de cautela. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou no início de outubro que qualquer proposta precisa ser fruto de muito diálogo com os servidores públicos. Já a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, reforçou que a estabilidade do servidor é inegociável e deve ser mantida como princípio fundamental do funcionalismo.
Impactos da PEC 38/2025
A PEC 38/2025, conhecida como Reforma Administrativa, propõe mudanças significativas no funcionamento do serviço público brasileiro, especialmente nas áreas de ingresso, progressão e avaliação de desempenho. Embora o texto mantenha pontos centrais da estabilidade, ele também cria novos condicionantes e critérios de desempenho, o que pode alterar de forma estrutural a dinâmica das carreiras públicas.
Estabilidade mantida, mas com condicionantes
A estabilidade dos servidores públicos é mantida, mas passa a depender de avaliações periódicas de desempenho. O estágio probatório será reformulado: o servidor poderá ser exonerado caso seja considerado inapto para o cargo durante o período de avaliação. A partir daí, a progressão funcional e o pagamento de bônus passam a estar vinculados a indicadores de governança e produtividade, previstos no novo modelo de gestão.
Fim do vínculo temporário de 10 anos, mas com brechas
O texto final retirou a proposta anterior que criava um vínculo estatutário temporário de até 10 anos, que limitava a estabilidade ao período de contratação. Apesar do recuo, a PEC ainda mantém brechas que permitem contratações precárias, por meio de vínculos temporários ou cargos comissionados, o que pode levar à substituição de servidores concursados por profissionais contratados sem concurso. Essa mudança é vista com preocupação por especialistas, pois pode reduzir a transparência e abrir espaço para indicações políticas.
Mudanças em progressão e remuneração
A proposta também altera os critérios de progressão na carreira, introduzindo modelos diferenciados de promoção, o que pode resultar em menos oportunidades de ascensão e, consequentemente, menos editais de novos concursos. Além disso, o pagamento de bônus e gratificações ficará condicionado ao desempenho individual e às metas institucionais, vinculando diretamente a remuneração ao cenário fiscal de cada órgão.
Embora o discurso oficial defenda a meritocracia como forma de valorização do servidor, críticos apontam que o modelo proposto pode ampliar desigualdades entre carreiras e órgãos, uma vez que entidades com mais recursos terão condições de oferecer melhores gratificações.
Impacto direto nos concursos públicos
Um dos pontos de maior impacto para os concurseiros é o “dimensionamento da força de trabalho”, exigido antes da abertura de novos concursos. Na prática, será necessário comprovar a real necessidade de contratação para cada cargo antes de autorizar novos editais. Isso significa que a frequência e o número de concursos federais podem diminuir nos próximos anos, caso a PEC seja aprovada nos moldes atuais.
Reforma Administrativa deve ser postergada
Apesar da apresentação formal do texto da Reforma Administrativa, composta por uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um Projeto de Lei (PL) e um Projeto de Lei Complementar (PLP), o cenário político indica que a proposta não deve avançar no curto prazo.
Historicamente, a Câmara dos Deputados evita pautar temas considerados impopulares em períodos próximos às eleições, e, com a chegada de 2026, o ambiente eleitoral tende a concentrar as atenções dos parlamentares.
De acordo com analistas políticos e aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta, as chances de a proposta ser votada antes das eleições de 2026 são baixas. Ainda segundo reportagem da revista Veja, a movimentação recente em torno da reforma seria “muito mais política do que qualquer coisa” no momento atual, servindo mais como uma sinalização de debate do que uma tentativa concreta de aprovação.
Dessa forma, embora a reforma continue a repercutir nos próximos dias e mantenha espaço nas discussões públicas, avanços significativos devem ocorrer apenas no início do próximo mandato presidencial, em 2027.
Por isso, o momento é de acompanhar com atenção os próximos passos e observar como o tema será tratado nas eleições e nas futuras composições do Congresso.
Se você quer entender os principais pontos da proposta e seus impactos para os servidores públicos, preparamos um artigo completo explicando as mudanças previstas na Reforma Administrativa.
Continue ligado em nosso blog para acompanhar as atualizações sobre o tema. Até a próxima!