A Reforma Administrativa volta a ser pauta central em Brasília e promete mexer com a estrutura do funcionalismo público brasileiro. O novo texto será oficialmente apresentado nesta quinta-feira, 2 de outubro, e traz um conjunto de medidas que, se aprovadas, vão impactar tanto os servidores já ativos quanto aqueles que sonham em ingressar na carreira pública. Para quem acompanha concursos e vida no setor público, entender essas mudanças é essencial para se preparar para o que vem por aí.
O relatório, coordenado pelo deputado Pedro Paulo, reúne propostas que abordam desde a modernização da gestão até o fim de privilégios históricos, passando pela digitalização de processos, novas regras de avaliação e até mudanças na forma como os concursos públicos serão planejados. A expectativa é que o documento chegue ao Congresso já como um marco de debate sobre eficiência, transparência e meritocracia no serviço público.
Mas, afinal, o que tudo isso significa para você, que acompanha o tema de perto ou tem interesse em construir carreira no setor público? Nesta matéria, vamos explicar em detalhes quais pontos já foram adiantados, o que pode mudar nos concursos, quais direitos permanecem garantidos e quais ajustes prometem acirrar ainda mais o debate. Continue a leitura e entenda como a Reforma Administrativa pode moldar o futuro do serviço público brasileiro!
Índice
Reforma Administrativa: Texto será apresentado!
A Reforma Administrativa será oficialmente apresentada nesta quinta-feira, 2 de outubro, e promete trazer mudanças profundas no serviço público brasileiro. O tema, que já vinha sendo discutido nos bastidores do Congresso, ganha agora contornos oficiais com a entrega do relatório coordenado pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ).
A proposta reúne um conjunto robusto de medidas que afetam desde a gestão de recursos humanos até a extinção de privilégios, passando por novas regras para concursos públicos e progressão de carreira.
Para os concurseiros e servidores em atividade, a expectativa é grande: o relatório deve indicar quais direitos permanecem intocados, quais serão condicionados a novos critérios e quais benefícios podem ser reduzidos ou extintos.
O que já se sabe é que a estabilidade será preservada, mas com ressalvas, e que concursos futuros passarão a ser planejados de forma mais estratégica, com foco em carreiras transversais e maior controle de contratações.
Ao todo, o deputado anunciou que serão 70 propostas, divididas em quatro grandes eixos:
- Estratégia, Governança e Gestão
- Profissionalização do Serviço Público
- Transformação Digital
- Extinção de Privilégios
Essas ideias chegarão ao Congresso em três formatos diferentes: uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um Projeto de Lei Complementar (PLC) e um Projeto de Lei Ordinária.
Antes mesmo da apresentação oficial, versões preliminares do relatório já circulavam em redes sociais. O jornal O Estado de S. Paulo chegou a divulgar trechos do texto, destacando mudanças sensíveis para concursos e carreiras públicas.
Segundo a apuração, a publicação de novos editais ficará condicionada a um dimensionamento da força de trabalho, de modo a identificar as reais necessidades de pessoal em cada área.
Outra novidade é a priorização de carreiras transversais, como analistas de infraestrutura e especialistas em políticas públicas (EPPGG), que poderão atuar em diferentes órgãos e funções, ampliando a flexibilidade administrativa.
Estabilidade mantida
A proposta preserva a estabilidade dos servidores públicos, mas com ajustes importantes. Durante o estágio probatório, quem não demonstrar aptidão poderá ser exonerado. Para aqueles que conquistarem a estabilidade, a progressão na carreira e o recebimento de bônus estarão condicionados a avaliações de desempenho contínuas e a instrumentos de Governança e Gestão.
Outro ponto relevante é a exigência de que União, estados, municípios e Distrito Federal implementem, por lei específica, uma Tabela Remuneratória Única (TRU) para todos os agentes públicos. Essa tabela deverá definir os níveis de progressão das carreiras, com valores entre o salário mínimo e o teto do funcionalismo (atualmente em R$ 46,4 mil).
Impactos diretos nos concursos públicos
Entre as medidas mais comentadas, destacam-se mudanças significativas no processo seletivo:
- Avaliação de desempenho: a progressão deixará de ser automática pelo tempo de serviço. O avanço ocorrerá com base em resultados individuais e institucionais.
- Sistema nacional de avaliação: será criado um padrão de avaliação válido para todos os poderes e esferas de governo. Cada carreira deverá contar com, pelo menos, 20 níveis de progressão.
- Contratações temporárias: um cadastro nacional será criado para vínculos temporários, que poderão durar até cinco anos, com quarentena de 12 meses antes de uma nova contratação. Trabalhadores com contratos acima de um ano terão direito a benefícios como licença-maternidade e adicional de férias.
- Bônus por resultado: servidores poderão receber gratificações vinculadas a metas, desde que a situação orçamentária do órgão permita. Agentes políticos não terão direito ao benefício.
- Teletrabalho: o limite será de um dia por semana, com exceções mediante justificativa, como questões de saúde ou familiares.
- Concurso Nacional Unificado (CNU): o modelo poderá ser usado também para selecionar servidores estaduais e municipais, ampliando a eficácia e transparência do processo.
- Concurso intranível: para determinadas carreiras, será possível ingresso em níveis mais altos, de forma excepcional, desde que respeitada a obrigatoriedade de ao menos 20 níveis de progressão.
- Planejamento estratégico: governadores, prefeitos e o presidente da República terão até 180 dias após assumirem o cargo para apresentar planos de metas e indicadores de gestão.
Um dos eixos centrais da proposta é a extinção de privilégios que historicamente diferenciam determinadas carreiras. Entre as medidas, estão:
- Fim das férias de 60 dias para juízes e promotores.
- Padronização de 30 dias de férias para todos os servidores.
- Proibição da conversão de férias e folgas em dinheiro.
- Exigência de comprovação individual para adicionais de insalubridade e periculosidade.
Novo vínculo estatutário temporário
Um dos pontos mais polêmicos do texto é a criação de um novo vínculo estatutário temporário, válido por até dez anos. A medida busca dar mais flexibilidade para áreas em que a função pode se tornar obsoleta em médio prazo.
De acordo com o deputado Pedro Paulo, o modelo não extingue a estabilidade, mas abre uma possibilidade adicional de contratação. Ele cita exemplos como professores e militares, que já contam com vínculos de natureza semelhante.
No entanto, a proposta enfrenta resistência dentro do próprio governo. A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, afirmou em entrevista que o Executivo é contrário à ampliação das contratações temporárias, defendendo a estabilidade como proteção ao Estado brasileiro e como garantia da profissionalização do serviço público.
Reforma Administrativa: O que esperar a partir de agora?
Com a apresentação do relatório nesta quinta, 2 de outubro, inicia-se a tramitação da Reforma Administrativa. A PEC será analisada em primeiro lugar, exigindo aprovação em dois turnos na Câmara e no Senado. Depois, virão o PLC e o Projeto de Lei ordinária, que também devem passar por intensos debates.
Para os concurseiros e servidores, é hora de acompanhar de perto cada avanço da proposta. As mudanças impactam diretamente a forma de ingresso, a progressão de carreira, os salários e até as condições de trabalho no serviço público.
A Reforma promete ser um divisor de águas, e sua aprovação ou não poderá redefinir os rumos do funcionalismo público no Brasil.
NÃO À PEC 32
A chamada Reforma Administrativa (PEC 32/2020) vem sendo apresentada como uma modernização do serviço público, mas na prática representa um grande risco para os servidores e para a sociedade. Ao flexibilizar a estabilidade, abrir espaço para vínculos temporários e ampliar a terceirização, a proposta fragiliza carreiras e compromete a continuidade dos serviços essenciais.
Em vez de valorizar os profissionais que estão na linha de frente, a PEC tende a precarizar vínculos e desestruturar planos de carreira, o que gera insegurança e desmotivação. Isso impacta diretamente a qualidade do atendimento à população, que depende de servidores concursados, qualificados e protegidos contra pressões políticas.
Por isso, a PEC 32 é vista como um retrocesso. Modernizar o Estado é necessário, mas não às custas da desvalorização dos servidores nem da privatização disfarçada do serviço público.